sexta-feira, 31 de maio de 2013

Visões doentias-Passos Coelho, como muitos políticos que sucumbem à vertigem do poder, acabam a confundir a realidade com a projecção dos seus desejos e a perder de vista o impacto do que decidem na vida das pessoas.

A poesia de um grande visionário:

"Dizia ele que deixara a vida
pelo mundo em pedaços repartida.
Há quatrocentos anos que isso foi.
Mas desde então e sempre o que no mundo
se repartiu para não voltar
é o que — a mais que um poeta e dos maiores —
poderia ter sido o povo português.

Solúvel e insolúvel este povo.
Na memória dos outros e na sua mesma.

Real, sub-real, super-real,
ou — como querem alguns — surrealista?
Que dizer-se de um povo cujo tempo
se dissolveu no espaço e cujo espaço
não teve nunca tempo para dissolver-se
em tempo?

Eterno era só Deus. Os povos não.
E não as línguas e as cidades. Mas
quem vive de alheamento e sobrevive
não é que eterno se ignora morto?"
...
(Jorge de Sena)