sábado, 1 de junho de 2013

"Dizei-nos como distinguir o jardim real em que estamos com o perfil da inteligência."


A "ideia" do dia de hoje é chamar a atenção para as crianças que nunca serão crianças, muitas delas nem de Seres serão ...no entanto não deixa de ser um paradoxo...uns com tanto e outros com nada.
O Paradoxo está no jardim real aliado à imagética...

Nestas alturas, lembro-me do Mestre Almada que na Cena do Ódio falava sobre, "a Pátria onde Camões morreu de fome e onde todos enchem a barriga de Camões". De facto, muitos enchem os discursos e as intenções com a preocupação sobre os miúdos mas, todos sabemos, muitos passam mal, muito mal. Não cabem no Dia da Criança.
Não cabem os que diariamente são vítimas de crimes e maus-tratos.
Não cabem muitos dos que vivem numa instituição esperando por uma família que nunca virá.
Não cabem os que são alvo de discriminação e a quem são negados direitos básicos.
Não cabem os que vivem em famílias que os não desejam e mal os suportam.
Não cabem os que apenas comem o que refeição única na escola lhes possibilita.
Não cabem os que vivem em famílias a quem roubaram a dignidade do trabalho e que, por isso, sobrevivem envergonhadamente.
Não cabem os que sofrem de solidão e isolamento sem que se perceba como não estão bem.
Na verdade, estes miúdos quase não existem, os que existem são transparentes, às vezes nem os vemos. Por isso, comemora-se o Dia Mundial da Criança com a convicção de que, como dizia Pessoa, "o melhor do mundo são as crianças" e elas são felizes, todas.
O que, obviamente, não é verdade.