terça-feira, 16 de julho de 2013

"É na esquerda que está toda a responsabilidade de encontrar uma solução para libertar Portugal da troika e da crise". O País às voltas com a Salvação Nacional...


Com um misto de letargia e azedume, o país assiste a um jogo de sombras entre a coligação que sustenta o governo e o Partido Socialista.
Os representantes dos partidos do arco da governação, justamente, a governação que, conjuntamente com o contexto mundial, que nos conduziu à situação que vivemos, continuam a tratar da nossa salvação por imposição de uma peregrina decisão do Presidente da República. Os trabalhos decorrem acompanhados por um observador da Presidência certamente com a função de tomar conta da rapaziada que trata da salvação. É gente com comportamentos imprevisíveis e que, portanto, solicita supervisão.
Na verdade, creio que eles estarão, como será previsível a tratar da sua salvação, acautelando os seus interesses e a forma de que a partidocracia funcione como tem funcionado.
Por falar em interesses, os banqueiros portugueses continuam a ser dos mais bem remunerados da Europa, certamente para compensar os salários baixíssimos da esmagadora maioria da população que ainda consegue manter o trabalho. Claro que a banca é apoiada justamente com o dinheiro dos contribuintes de acordo com o velho aforismo, "temos que ser uns para os outros".

É lamentável que PCP e BE sejam vistos apenas como partidos de protesto. Em primeiro lugar, ambos têm um ethos muito diferente dos partidos de governo, um ethos marcado pelo respeito pelo bem público, marcado por colocar o bem da comunidade acima do interesse dos agentes políticos. Em segundo lugar, ambos defendem um conjunto de valores políticos, nomeadamente ao nível das funções sociais do Estado, que mereceriam ser defendidos não apenas pelo protesto mas pelo compromisso político.
Se ambos os partidos se dispusessem a um compromisso histórico com os socialistas, um compromisso que se situasse dentro da realidade (e a realidade é que estamos sob assistência financeira) em que vivemos e que visasse a defesa do essencial, talvez os portugueses olhassem para eles com mais atenção e percebessem que alguma coisa de novo poderia vir da esquerda. Não vale a pena esperar o chamamento da revolução social, os portugueses são surdos para ele. Mas certamente teriam ouvidos muito atentos para uma ética do respeito pelo bem comum e para o compromisso que os ajudasse a sair do lodaçal onde o arco da governação os meteu.