segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Não há vagas....A função da poesia em termos sociais. Porque é que os nossos jovens, quando acabam os cursos, pagos com o dinheiro dos nossos impostos e com o esforço dos pais e das famílias, se põem na alheta, dão de frosques, emigram???...

  A função da poesia em termos sociais ....    
    " O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira".
(FERREIRA GULLAR )                                                                                        
Ângelo Correia, que já não se baba todo nos ecrãs de televisão quando lhe dizem que tem ascendente sobre Pedro Passos Coelho, maravilhado que anda com a "lealdade" de Paulo Portas, faz muitas perguntas, muitas perguntas para as respostas que lhe convém que sejam respondidas, «com sentido nacional, solidário e racional», mas não tenham pressa em responder, porque «querer solucionar rapidamente alguns problemas pode ser um erro!», avisa.

Ângelo Correia, que sabe muito mas que, infelizmente, não anda a pé (e merecia), só não faz uma pergunta, curiosamente a pergunta que deve ser feita: porque é que os nossos jovens, como ele diz, as futuras elites, também dito por ele, quando acabam os cursos, pagos com o dinheiro dos nossos impostos e com o esforço dos pais e das famílias, se põem na alheta, dão de frosques, emigram, como já não se via desde os idos do velho de Santa Comba? 
Porque lhes apetece, porque lhes deu na real gana, porque sim...