sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Este país é uma aberração! Pequena miragem de vida ...

Saio pelo portão da frente e viro à esquerda, não posso pagar, ali ao lado há uma outra solução mais baratinha, também ela satisfatória. Não há médico, mas vai-se ao hospital. Há uma televisão que anima o espírito nos dias em que ele ainda vive desperto, nos outros espreita-se só a fresta da janela que dá para a estrada, não há quintal. Em opção fica-se em casa , distraída pela doença neurológica que desencaminha muitos euros em comprimidos, leva memórias e competências.
 Depois vem o Natal, e o que eu gosto do Natal!...
No Natal as pessoas preocupam-se muito com os velhinhos que passam os outros onze meses sozinhos, com os "sem-abrigo", os doentes, os desajustados da vida e trazem farófias , fatias doiradinhas , polvilhadas a canela e açúcar. Nessas alturas tudo parece funcionar em permanência, a solidariedade brota nas pessoas, nas famílias, nos políticos e na vizinhança que não quer perder a oportunidade da boa ação que acolhe a necessidade de braços abertos, há alturas em que o mundo se sustenta a ele próprio. Ah, maravilha das maravilhas!...
Mas depois vem o ano novo e a vida velha. O costume, o pão que está seco, a sopa que azedou, o dinheiro que não cobre as dores que desatinam nas pernas e nas costas. Volto a pensar e preciso de um sítio que eu possa e que exista para mim. Os que existem para mim são os que que eu consigo pagar, que aos outros não chego, por pobreza ou falta de poder, logo não constituem solução.
E um País que permite e incentiva isto, não é desenvolvido, é uma aberração.