sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Mesmo sabendo que existem cortinados de nevoeiro na janela do meu quarto, quero apreciar a "arte", que é vida! neste mundo que nos torna, dia-a-dia, mais pequenos.



As três pequenas bailarinas que dançam, apenas três das muitas pintadas por Degas. Ou antes: que tentam dançar...
Veja-se agora a mulher sentada. Está sentada como uma pedra no chão. Em repouso e completamente alheada do movimento, do esforço das três raparigas. E está alheada, porquê? Porque lê o jornal. Resta saber se lê o jornal porque está sentada ou se está sentada porque lê o jornal.
E o que lerá esta mulher? Política? Crónicas? Crimes? Economia? Moda? Cusquices? Não interessa. Seja lá o que for, no dia seguinte já será velho. Isto não significa que ler jornais seja mau. Mas é bom saber que há vida para além dos jornais e que o mundo está muito longe de se esgotar no que os jornais nos mostram...
Estas bailarinas desgastam-se para depois nos deleitar. A mulher continua sempre igual a si própria, com as suas velhas e iguais notícias de sempre das quais nunca se cansa, esse eterno retorno que parece não ter começo nem fim...


Mesmo sabendo que existem cortinados de nevoeiro na janela do meu quarto, quero apreciar a "arte", que é vida! neste mundo que nos torna, dia-a-dia, mais pequenos.