quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Patamares...

Há dias que desenterram memórias tais, que o chão fica todo remexido e não há onde assentar o pé sem ir ao fundo.
A calma é um lugar que se consegue aos cinquenta, oiço dizer, e que fica num local que eu desconheço. Invejo-a tanto no bom sentido... E às vezes penso nos patamares da existência e dos desfasamentos do corpo em relação a eles. Ou nas vontade que podemos não concretizar, porque os anos não deixam. Que bem vistas as coisas distribuímos por necessidades supremas que são sempre mais urgentes do que nós próprios e os nossos quereres, que diz-se, também se redimensionam com a idade. E temos outras prioridades. Eu preciso delas e de uns anos abastados de vagar e de calma, com sapiência suficiente para não lutar contra o que não merece a minha preocupação, quando eu  viver só porque sim.
Viver só porque sim não é viver desprovido de sentido, nada disso. Viver só porque sim é viver de amor à vida, com tudo o que ela tem e que realmente nos importa. Que pode ser um filho, pode ser um amor, pode ser uma viagem, pode ser um livro, pode ser uma noite de sono ininterrupta, ou pode ainda ser uma folha seca que num dado momento encontramos no chão. Sim, no chão, aquele sítio que certamente só conseguiremos ver bem mais tarde, quando olharmos de perto os passos dos pés e tivermos tempo, se quisermos, para viver todas estas coisas em simultâneo, sem precisar de opção.