segunda-feira, 19 de maio de 2014

O caos do sonho...

Os homens perfeitos voam e estatelam-se ao primeiro bater de asas. E acabam irrepreensíveis pedras de calçada calcada, de tão perfeitos que são. E ainda que pensem que assim não será, assim é e assim são e assim serão. Rodam num (i)mundo que volteia à roda de um umbigo. E assim trazem as trevas; que os umbigos paridos não dão luz. E as flores murcham.      
Voam o voo de abutre, os homens perfeitos. O voo dos que rodopiam em forma de gula. A Justiça lhes fará história. A estória dos calcados que calcaram. 
Depois há os outros. Os que não almejam esse "grau de excelência". E porque levam menos carga nos ombros (o alívio da consciência da imperfeição), às vezes voam, mesmo. Sempre sem asas. Voam em forma de riso, em forma de choro, em forma de sonho. Em forma de ombro chorado. De abraço abraçado.
Em forma de imperfeição. 
Voam.
Sem nunca tirar os pés do chão. Sem nunca pôr os pés no chão. 
Os homens imperfeitos voam.