quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

idiotas...

PERFIL DO IDIOTA
"O idiota é geralmente competente, moralmente irrepreensível e socialmente necessário. Faz o que tem a fazer sem dúvidas ou hesitações, respeita as hierarquias, toma sempre o partido do bem e acredita religiosamente nas grandes ficções sociais.
A incapacidade de relacionar as coisas, as ideias e as sensações transforma-a ele em força, e como lhe escapam as causas e os fins do que lhe mandaram fazer, fá-lo com prontidão e limpeza, sem introspecções inúteis. Do mesmo modo, como vê no destino o único regulador da vida, acha que se uns dão ordens e outros obedecem é porque todos cumprem misteriosas injunções da providência, as quais é não só inútil, mas criminoso sondar.
 O idiota é todo liberdades.
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Embora para um idiota seja uma desvantagem não saber que o é, normalmente ninguém lho diz: segundo Brecht, “tornar-se-ia vingativo como todos os idiotas”. Aliás, o mesmo Brecht diz que ser idiota não é grave: “É assim que você poderá chegar aos 80 anos. Em matéria de negócios é mesmo uma vantagem. E então na política!”
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Para o idiota, os sentimentos e as emoções são “uma boa”, constituindo dados manipuláveis. Em si mesmos, não lhes acha qualquer sentido ou valor, mas de qualquer modo são coisas que lhe podem trazer vantagens ou desvantagens: é preciso, portanto, avaliar-lhes as implicações e consequências. Ao lidar com sentimentos e emoções, os próprios e os alheios, o problema, para o idiota, consiste em controlá-los, guiá-los, desfrutá-los, e isso implica trabalho, cálculos complicados e a aprendizagem de técnicas nem sempre fáceis.
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No plano do consumo e na vida social, o idiota português aprecia as coisas cómodas, os pequenos e grandes privilégios, planeando com minúcia o modo de obtê-los. Sejam quais forem as suas petições de princípio políticas, no fundo é um céptico, despreza o “povinho”, vive fechado para os outros. Aos generosos e altruístas, considera-os parvos ou hipócritas. O idiota circula à volta do sucesso como a borboleta em redor da chama, agarrando-se como lapa ou mexilhão a quem o alcança. Espertalhão, agrada-lhe receber, mas dá o menos possível, e arranja sempre qualquer explicação ética para justificar este comportamento. Na realidade, a sua lógica, elementar como as suas poucas ideias e imagens, consiste apenas em receber sempre mais do que dá.
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Os idiotas andam sempre juntos: consomem os mesmos produtos, frequentam os mesmos locais, lêem os mesmos livros e jornais, e têm uma habilidade notável para descobrir e evitar quem não é idiota. Graças a Deus! A política, porém, unifica o conjunto da sociedade sob o signo da idiotia: pessoas estimáveis, notáveis até nos diversos domínios do saber e da cultura, quando chegam à política tornam-se idiotas. Triunfam, quer-se dizer. Tornam-se, enfim, públicas.
[Publicado no Diário de Lisboa, de 12/6/87.] "
(Ernesto Sampaio)


Onde há uma vontade, há um caminho, e as portas estão abertas!...
Impor limites àquilo que incomoda, só depende de cada um!!!...




segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Há fogo sob a terra...que entra em nós às golfadas.

Nós somos as testemunhas...


"Verdade, mansidão e justiça vos hão de levar adiante, Vossas armas serão victoriosas, e vosso Reyno eterno."

A Filosofia não é uma ciência mas deve dar o valor aos que a merecem.
O mal não é simplesmente uma ausência do bem, como pensava S. Agostinho. O mal é a ausência da consciência do bem por estarmos demasiado concentrados em nós próprios, esquecidos da humanidade do outro, tapada pelos interesses.

"Sou qualquer coisa que fui. Não me encontro onde me sinto e se me procuro, não sei quem é que me procura. Um tédio a tudo amolece-me. Sinto-me expulso da minha alma."
 ( desassossego, Fernando Pessoa)
Não se pode confiar...
...  principalmente no Homo politicus.