quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Chic a valer, lá diria Dâmaso!...Eça de Queiroz, um vulto da literatura portuguesa.

Eça de Queiroz______Nasceu na Póvoa do Varzim a 25 de Novembro de 1845.
Um dos nomes mais importantes da literatura portuguesa. Notabilizou-se pela originalidade e riqueza do seu estilo e linguagem, nomeadamente pelo realismo descritivo e pela crítica social constantes nos seus romances.
______A importância do vestir honesto, segundo Eça de Queiroz______
"De resto, pelo que tinha visto, as mulheres em Lisboa cada dia se vestiam pior! Era atroz! Não dizia por ela; até aquele vestido tinha chique, era simples, era honesto.
Mas em geral era um horror. Em Paris! Que deliciosas, que frescas as toilettes daquele verão!"
"in, O Primo Basílio"
Eça foi, como disse Jacinto Prado Coelho "mais analista social do que psicólogo (...) ironizou Portugal porque muito o amava e o queria melhor"
"As Farpas, Eça de Queiroz
O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Toda a vida espiritual, intelectual, parada. O tédio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce. As quebras sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo."

É um livro essencial para compreendermos este nosso país e para nos apercebermos da falta de originalidade que nos persegue desde o séc. XIX, uma vez que as críticas ferozes que Eça e Ortigão fazem nesta obra, mantêm-se, agravam-se, perpetuam-se...